31 de agosto de 2018

Ainda em modo regresso ao trabalho...

... faz-me todo o sentido esta frase:

"Le mal, dit L'Alchimiste, ce n'est pas ce qui entre dans la bouche de l'homme. Le mal est dans ce qui en sort."

in L'Alchismiste, de Paulo Coelho

26 de agosto de 2018

Regresso ao trabalho...

Depois de vários meses de ausência, regressei esta semana ao meu posto de trabalho enquanto vendedora. É estranho voltar a um local que já conheci tão bem, onde já dominei quase todas as variáveis e sentir que tenho de partir depois de tanto tempo de ausência... Houve algumas mudanças, mas nada de extraordinário, portanto é uma questão de dias até que tudo volte a ser extremamente rotineiro e igual a todos os dias.
Posto isto, tomei a iniciativa de falar imediatamente no primeiro dia de trabalho com a minha patroa para lhe apresentar os meus projectos para os próximos meses. Foi, sem surpresa que percebi que ela tinha outros planos para mim. Por muito que sinta o reconhecimento da parte dela de todo o esforço e mérito pelos resultados obtidos pelo passado, é apenas no momento em que lhe anuncio os MEUS projectos, e as minhas ideias e que se tudo correr como espero, partirei num futuro muito próximo, que me é dito de forma mais directa que havia um outro projecto para mim. 
Antes de vir de licença de maternidade já se adivinhava que viria uma promoção pelo horizonte e que, provavelmente, ao meu regresso, se iria confirmar. Mas agora foi-me apresentada como proposta para que eu fique. 
Estou a viver momentos de grande solidão, em que sei que tenho de tomar uma decisão: optar pelo caminho mais fácil e seguro (continuar onde estou, no quadro, com uma promoção e consequente aumento de salário, mesmo ao lado de casa, e num ambiente que já conheço....) ou partir para a incerteza (tentar entrar numa formação para obter as equivalências ao meu diploma português em França, por isso, no mínimo 6 meses de formação longe de casa, e a seguir, partir novamente para o mercado de emprego, com 35 anos às costas e uma família que precisa muito de mim....)
Sei qual é o caminho mais fácil. E sei qual é o caminho que o meu coração quer seguir.
Enquanto eu estiver no comércio nunca terei um fim-de-semana em família. O meu dia terminará sempre às 20H e nunca terei a possibilidade de ir buscar as meninas à escola, como fazem a maioria dos pais. Mas acima de tudo, ainda que este novo posto represente novas responsabilidades, eu já o ocupei a título temporário e em substituição e sei que intelectualmente não é suficiente para aquilo que eu preciso e quero fazer. 
Uma decisão é necessária. Adivinha-se uma semana de noites curtas e mal dormidas.
A incerteza e o desconhecido metem-me sempre tanto medo... Mas a certeza da desilusão de um trabalho que não me corresponde a 100% pode ser tão maléfico para o meu bem-estar....



NOTA POST SCRIPTUM:
Acabei de publicar este post e abri o livro Alquimista do Paulo Coelho, que li recentemente, e no qual fiz vários sublinhados de ideias que me marcaram para ir partilhando e relendo aqui no blogue. O sublinhado da página que abri diz:
"...personne ne doit avoir peur de l'inconnu, parce que tout homme est capable de conquérir ce qu'il veut et qui lui est nécessaire.
Tout ce que nous craignons, c'est de perdre ce que nous possédons, qu'il s'agisse de notre vie ou de nos cultures. Mais cette crainte cesse lorsque nous comprenons que notre histoire et l'histoire du monde ont été écrites par la même Main."

Obrigada a Deus e ao Universo por me trazerem respostas de uma forma tão óbvia.

19 de agosto de 2018

Tout est écrit...

"Il commença à comprendre que les pressentiments étaient de rapides plongées de l'âme dans ce courant universel de vie, au sein duquel l'histoire de tous les hommes se trouve liée de façon à ne faire qu'un: de sorte que nous pouvons tout savoir, parce que tout est écrit."

in L'Alchismiste. de Paulo Coelho

17 de agosto de 2018

Agora é que vão ser elas...

Na próxima semana regresso ao trabalho, depois de quatro meses de baixa graças a uma gravidez de risco, de dois meses e meio de licença de maternidade e mais dois meses de baixa a seguir a todo este tempo, graças a uma hemorragia violenta e consequente operação que quase me levaram deste mundo.
Seis dias depois de ter tido a Vitória e já em casa, tive uma hemorragia muito violenta. Os médicos de urgência chegaram a tempo de me estabilizar e levar para o bloco operatório. Vi-me morrer, aos poucos, a "vazar-me" de todo o meu sangue em frente aos olhos doces da minha mãe e do olhar incrédulo do meu marido. Saí de casa, com a certeza de que não voltaria, que não veria a Gabriela crescer, e que não chegaria a conhecer a Vitória. Senti que ía deixar o Ni sozinho com duas filhas bebés nos braços, e tive a certeza que ele é o melhor pai que as minhas filhas algum dia poderiam ter tido. 
Saí de casa na ambulância, serena, convencida de que a minha hora tinha chegado, e que pena que era não ter vivido tantas coisas que a vida tem para oferecer. 
Antes de entrar no bloco, comecei a despedir-me do Ni, e a dar-lhe as indicações do que deveria ser feito. Difícil, quando há menos de uma semana tínhamos recebido a benção da vida da Vitória... Ele mandou-me calar, e disse-me que ía correr tudo bem. Durante a operação os médicos foram "buscar-me" duas vezes... No dia seguinte à operação voltei a fazer uma hemorragia, que serviu para eu perceber que os médicos não são infalíveis, que o nosso corpo é que manda e que a vida não é nossa para nós mandarmos. 
A recuperação tem sido lenta e dolorosa. Tudo isto deixou feridas no meu corpo, na minha alma e no meu coração. Umas estão mais cicatrizadas do que outras. Percebi que a vida é como o andar: um passo a seguir ao outro, um dia a seguir ao outro, dando tempo para não cairmos, para tudo cicatrizar correctamente.
Hoje, consigo falar e escrever sobre o que me aconteceu sem chorar, mas acima de tudo sem vontade de chorar. Aconteceu. Sobrevivi. Por isso agora, devo-me a mim própria viver. Não quero com isto dizer que vou sair porta fora, experimentar umas drogas, e fazer todos os desatinos que me possam passar pela cabeça. Quero apenas dizer que vou saborear o que a vida tem para me dar. Desfrutar de cada instante retendo apenas o que é importante para mim, porque no final, será apenas isso que vai contar. A felicidade que podemos provar durante esta passagem, que é tão breve...
Assim, esta experiência de morte (3 sessões de psicóloga para conseguir dizer estas 3 palavras...), fez-me colocar algumas das minhas decisões em causa. Fez-me fazer um balanço, para perceber o que é que me está a passar ao lado, e que não deveria, porque a vida é curta... Porque há coisas que eu não quero perder, porque o mais importante é guardar as estrelas a cintilar nos nossos olhos.
E tudo isto provocou mudanças na minha vida. Percebi que tenho projectos para executar, tenho ideias, tenho sonhos... Mas, no meio de todo este reboliço de mudanças interiores, de sonhos e projectos e enquanto as coisas se organizam, o regresso ao trabalho impõe-se.
Se antes deste período de ausência tinha a certeza de que estava bem neste trabalho, neste momento tenho a certeza do contrário. Não me satisfaz, não me dá felicidade. É relativamente bem pago, graças a um aumento que me foi proposto há cerca de um ano, como forma de gratificação pelo meu desempenho. Mas o dinheiro, pelo menos para mim, não é tudo. Os sonhos, a felicidade, as estrelas nos olhos sempre valeram mais do que a estabilidade e a certeza do final do mês. Já houve tempos em que sonhava ter o que tenho hoje. Não sou ingrata. Pelo contrário. Percorri muito caminho para estar onde estou, engoli muitos sapos, e arregacei as mangas quando foi necessário. Tenho uma situação estável, que foi o que procurei. 
Mas hoje procuro outra coisa, graças à minha experiência de morte. Procuro a satisfação profissional que senti quando estava na Câmara Municipal de Peniche, e que mais tarde voltei a sentir de uma forma arrebatadora na Panificadora de Alcanhões. Duas experiências completamente díspares mas que tanto me enriqueceram: a dimensão social do público e a dimensão económica do privado. 
Há cerca de três anos atrás comecei a desenhar um projecto neste novo país que me acolhe. Na altura, o meu coração tendia ainda para o social. Depois, entrei para o meu trabalho actual, como vendedora, e depois veio a possibilidade de evoluir na empresa (que nunca chegou a acontecer, e apenas me serviu para me aprisionar a uma possibilidade), depois veio o projecto casa, depois veio novamente o projecto família com a segunda filha... E o meu EU ficou algures perdido no meio de tantos papéis, obrigações, projectos,... 
Até que a minha vida ficou suspensa por um fio. Até que percebi de uma forma muito violenta que a vida é curta, e que não devemos adiar o que nos pode fazer felizes.
Não sei se vou conseguir realizar os novos projectos/sonhos que tenho na minha cabeça, mas sei que evoluí, que cresci, e que este tempo de maturação me permitiu perceber o que quero. E que me devo a mim própria tentar, mais que não seja,hoje eu sei que sou livre para sonhar. Porque "sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança".

16 de agosto de 2018

Décision...

"Quand quelqu'un prenait une décision, il se plongeait en fait dans un courant impétueux qui l'emportait vers une destination qu'il n'avait jamais entrevue, même en rêve, au moment où il avait pris cette décision."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

15 de agosto de 2018

Férias, aniversários e champanhe...

Há uns dias que não vinha por este canto. Estou oficialmente de férias (depois de um longo momento de baixa e licença de maternidade) e como tive a família quase toda cá por casa, dediquei o meu tempo a desfrutar de cada segundo com eles, deixando para a posteridade a escrita.
Pude estar com a minha mãe, que é apenas a pessoa com os olhos mais bonitos que eu conheço no mundo inteiro. Pude estar com a minha irmã, que adoro, com o cómico do meu cunhado e com os meus sobrinhos que cresceram e estão da minha altura....
Os serões na rua a partilhar risadas, os momentos à beira da água no lago, as caminhadas para dar pão aos patos, a missa do oitavo dia pelo falecimento da minha avó com a família quase toda presente, as descobertas gastronómicas, e tantas outras coisas fizeram destes dias, momentos especiais e saborosos.
Continuo a insistir na ideia de que as melhores férias, não são aquelas que vemos nas fotos das revistas das agências de viagens. As melhores férias são aquelas onde aproveitamos para fazer e estar onde somos felizes, como somos felizes e com quem somos felizes. E estas férias, foram por isso mesmo muito boas.
A acrescentar a isto, pudemos comemorar todos juntos os 40 anos da cara-metade. Foi muito bom brindar à vida dele, ao sorriso dele, à saúde dele, à felicidade dele. É um orgulho poder partilhar a minha caminhada com alguém tão íntegro, honesto, trabalhador, meigo e solidário. E que sabe escolher champanhe..... :)

2 de agosto de 2018

Até um dia...





A minha avó morreu. Escrevo estas linhas, para que sirvam de última memória e homenagem.
Foi uma lutadora.
Sofreu. Mas todo o sofrimento tem um fim, ainda que por vezes nos pareça interminável.
Agradeço a Deus todos os bons momentos que vivi com ela, todas as gargalhadas inigualáveis que dei com ela e por causa dela. 
Agradeço a Deus a possibilidade de me ter despedido dela por diversas vezes e agradeço a possibilidade que tive de lhe dizer tudo o que sentia. Agradeço também a Deus por me ter dado a oportunidade de lhe apresentar as duas bisnetas com que a minha vida foi brindada, e sei hoje, que este foi um dos meus momentos mais felizes dos últimos meses. 
Sei que a esta hora, ela já está com o meu avô e com o filho que teve e que nunca pôde ouvir chorar, nem abraçar. Sei também que a partir de hoje, temos mais uma estrela no céu para nos guiar, mais um anjo para nos proteger.
Até um dia destes Avó!

T'Choupi...


O T'Choupi é um rapazinho que tem ajudado as famílias francesas na educação dos seus pequenos. 
Trata-se de um conjunto de narrativas em que a personagem principal é este bonequinho e que, de forma educativa, explica aos mais pequenos que não se faz xixi nas cuecas, que bicho papão é esse da escola, que às vezes ele pode ficar em casa dos avós, que não é necessário ter medo do escuro, que se deve emprestar, que banho é uma coisa boa, etc.... Devem existir mil e um títulos, cada um abordando uma temática diferente.
Nós cá em casa adoptámos o T'Choupi, quando quisemos que a Gabriela começasse a ir ao penico e tenho a dizer que ajudou imenso. Mais tarde, recorremos ao T'Choupi para preparar a chegada da mana mais nova. Voltámos a recorrer ao T'Choupi para explicar à Gabriela o que era a escola. 
A mais recente aquisição é:
Basicamente, cada vez que tentamos tirar a chucha à Gabriela temos uma crise de choro, lágrimas e sofrimento. Por isso, encomendei este título, para ver se a conseguimos convencer.... Pais sofrem...

1 de agosto de 2018

"Et pourtant, les brebis avaient enseigné une chose autrement importante: qu'il y avait dans le monde un langage qui était compris de tous et que lui-même avait employé pendant tout ce temps pour faire progresser la boutique. C´était le langage de l'enthousiasme, des choses que l'on fait avec amour, avec passion, en vue d'un résultat que l'on souhaite obtenir ou en quoi l'on croit."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

Tempo...


Lago de Bouvent - Bourg-en-Bresse

Às vezes dou por mim a pensar no que poderia fazer com as meninas, para lhes proporcionar um bom momento e com muita alegria. E rapidamente, quando faço algumas coisas com elas percebo que não é necessário grandes planos, nem grandes projectos. Uma simples ida ao lago aqui ao lado, em que lhes damos tempo de fazerem o que gostam connosco (que no caso da pequenina basicamente se resume a uma sestinha), proporciona-lhes momentos de inigualável alegria. 
Temos tido a preocupação de perguntar à mais velha o que é que ela fazer durante as férias. Esta ano são atípicas, dado que eu e a cara metade não temos férias ao mesmo tempo. Daí que tenhamos decidido não sair de cá, porque isso só faz sentido todos juntos. Apesar deste percalço, estamos a tentar proporcionar às meninas (e a nós ao mesmo tempo) o "normal" de umas férias. Saídas, banhos, gelados fora de horas, bolachas mesmo antes das refeições, horas de dormir alteradas... 
Por vezes basta apenas dar tempo aos nossos filhos, partilharmos o nosso tempo com eles...