26 de dezembro de 2018

Natal....

Este ano o Natal foi diferente. Em vez de focalizarmos os nossos interesses e preocupações em prendas, focalizámos em estar com quem conta. Assim, e num acesso de loucura, viajámos com as meninas por 3 dias para Portugal, para sorver todo o amor e a alegria que é estar com a família.
À chegada conseguimos estar com o Élio, a Maria e a Serena. que momentos tão bons...
Chegámos ao Sobral, a família estava à nossa espera... Que acolher tão caloroso!!! No dia seguinte pequena visita das amigas de infância que já não via há mais de 6 anos.... E partida para Lisboa para encher o coração da família do Ni.
Soube a pouco, mas foi o possível. E foi bom! Porque poder passar um Natal em família, não é possível para toas as pessoas, e uma vez que sentimos na pele um (ou no nosso caso, vários Natais) longe, percebemos e saboreamos de maneira diferente estes momentos: especiais e únicos. Como dizem os ingleses: priceless!!!!

6 de dezembro de 2018

São onze da manhã e ső vou trabalhar às duas... Normalmente é a manhã que tenho para mim, dado que as crianças estão na escola e na creche e o maridão está a trabalhar...deveria ser o tempo que eu deveria consacrar a mim mesma... Mas a vontade de regressar esta noite a casa e ver o sorriso da minha família troca-me as voltas... Casa aspirada e chão lavado, sopa de peixe para o bébé,  creme de legumes para nós,  pizza caseira para a Gabriela, roupa lavada e a secar....
Às duas começo o meu dia oficial de trabalho... esquecendo o que já foi feito e de sorriso na alma e no rosto ...

22 de novembro de 2018

"Votre demande (...) a été acceptée"



"Votre demande de prise en charge pour la formation TP ASSISTANT DE DIRECTION qui débute le 11/03/2019, a été acceptée par la Commission Paritaire du 20/11/2018. Un courrier de confirmation vous sera adressé sous huit jours, il vous précisera les conditions d'acceptation ainsi que le détail de la prise en charge. Aucune information supplémentaire ne vous sera communiquée avant la réception de celui-ci. Nous vous souhaitons par avance pleine réussite de votre formation."


Et voilá que Paulo Coelho a toujours raison....

21 de novembro de 2018

Momentos doces...


Hoje faço 35 anos! É um aniversário diferente, porque pela primeira vez comecei a comemorar com algum tempo de antecedência, nomeadamente cá em casa, em que ontem à noite foi noite de festa a quatro. Sabe tão bem estarmos os quatro à mesa, brindados com gargalhadas da Vitória e da Gabriela. Que prenda tão gostosa!!
Depois de um ano inteiro de dificuldades, de problemas mais ou menos graves, de um ano marcado pelo nascimento da minha Vitória, sinto que este é um momento de viragem, de mudança. Neste exacto momento, decide-se o meu próximo ano de vida no seio de uma comissão de avaliação. Independentemente do resultado desta comissão, a roda está em movimento e não irá parar. 
Que venha este próximo ano, com 35 bem recheados de experiências, de amor e de vontade de avançar.

PS: hoje de manhã recebi este envelope, de uma amiga. Decidiu oferecer-me uma carta de palavras lindas e doces. Sou tão feliz!!!

17 de novembro de 2018

Gilet jaune...



6 de novembro de 2018

Loucura dos tempos modernos...

Há uma tendência crescente para vivermos tudo a correr. Para estarmos constantemente envolvidos em projectos, planos, tempos, épocas. Tudo isto é promovido pelas grandes máquinas do comércio, para impulsionar o consumo. Mas parece que de ano para ano, esta tendência se agrava e se torna limite agressiva para o consumidor, que acaba por se deixar tentar pela engrenagem.
Reparei que durante o mês de Outubro, nos catálogos publicitários que inundam a caixa de correio (e que tão mal fazem ao ambiente), os comércios começaram a lançar os primeiros brinquedos para o Natal. Hello???? Estávamos em Outubro gente!!!! Pois bem, para piorar as coisas, recebi mesmo um catálogo onde desfilavam as flores plásticas para o dia de Todos os Santos, as máscaras para o Halloween, e as primeiras decorações de Natal... Era mesmo classe, pensei emoldurá-lo para recordação posterior...
As montras das lojas já se revestem de espírito natalício, mas estamos no início de Novembro.... Eu acho que as pessoas deviam guardar o espírito natalício (como a solidariedade, compaixão, misericórdia, amor fraterno, ...) o ano todo. Mas deixemos as decorações, as músicas e as prendas para o seu devido tempo. Excepção claro aos calendários de chocolate do Advento. Porque assim como assim, e dado que eles já estão à venda, podemos fazer um em Novembro e outro em Dezembro... Assim, no final de Dezembro, e já bem gordinhos, podemos fazer as resoluções para o ano novo que chega em Janeiro, do tipo, vou fazer dieta e largar definitivamente a porra do vício do chocolate!. E em Janeiro, como sabemos que já estamos a falhar, e para dar um bocado de cor à vida, que tal começar a fazer a máscara para o Carnaval? Assim, quando o Carnaval chegar, já estamos safos das máscaras e podemos dedicar-nos a fazer as amêndoas caseiras para a Páscoa. 
A sério, quando é que perceberemos que a felicidade está no momento presente? E que cada coisa deve ser vivida e saboreada no momento exacto? 

4 de novembro de 2018

Dialogue...

Dialogue pendant un repas en famille le weekend dernier:
Gabriela : « Je suis amoureuse de Maxime. »
Maman : « Pardon ? »
Gabriela : «  Je veut me marier avec Maxime ! »

Papa éclate de rire… Maman n’arrive plus à respirer…. 

2 de novembro de 2018

Confiance...

De plus en plus j’apprécie la participation des enfants dans les tâches ménagères. L’autre jour, j’étais en train de trier le linge pour faire tourner la machine et Gabriela est venue me voir pour savoir si elle pouvait m’aider. Je lui ai dit de suite que oui. Alors je lui ai expliqué comment faire rentrer le linge dans le tambour. Ça serait sa tâche à elle, pendant que Maman préparait les produits et le programme. Comme ça prenait du temps, j’ai laissé Gabriela dans son travail pendant que je débarrassais la table du petit déjeuner. Au but d’un moment, je trouvais que ça se prolongeait un peu de trop dans la salle de bain, et je suis allé jeter un œil.
Je lui ai demandé si ça ce passé bien. Sa réponse :
-          « Tout va bien Maman. Ne t’inquiète pas. Confiance Maman, confiance !! »

Et là… je n’avais plus de réponse… Elle a grandi… Elle a trois ans et me demande de lui faire confiance… 

18 de outubro de 2018

Compota de maçã...


Na escola da Gabriela, há uma política de integração dos pais nas actividades escolares das crianças. Pessoalmente agrada-me! Foi assim, que na semana passada recebi o convite da professora da Gabriela para participar num atelier de culinária. Nada de muito complicado, apenas passar tempo com as crianças a preparar maçãs, para a senhora da cantina lhes poder fazer compota de maçã caseirinha,que foi servida no dia seguinte como sobremesa, ao almoço.
Adorei participar! As crianças tiveram a possibilidade de tocar nas frutas, ajudar a descascar e inclusivamente a cortá-las (basicamente era para isso que os pais lá estavam, para controlar e minimizar os danos colaterais).
A Gabriela estava deslumbrada por ter lá a mãe. Percebia-se o orgulho e a felicidade nos olhos e no sorriso dela...
Não é preciso muito para as crianças serem felizes, e acima de tudo, não é necessário grande coisa para que os pais possam também fazer parte da vida escolar das crianças.
Foi uma excelente ideia. Espero poder voltar a participar noutras actividades...

14 de outubro de 2018

La grande a grandi...

En descendant une rampe avec beaucoup de déclinaison, je dis à Gabriela, qui faisait la draisienne:
- Vas-y, mais doucement!
- Oui Maman, je vais me casser la figure!

PARDON?! "CASSER LA FIGURE??!", mais où est-ce qu'elle a appris ça????

12 de outubro de 2018

ites....

Gastro-entérite, otite, conjuntivite...
Il y en a marre d'autant d'ites.....

11 de outubro de 2018

Pierre Benite...

Não gosto de hospitais, tenho a fobia dos cheiros, dos micróbios e bactérias, e apenas más recordações. 
Sempre que tenho alguém da família que está internado sofro imenso. 
Já há alguns meses que a cara metade tinha uma intervenção cirúrgica planeada para o hospital Pierre Benite em Lyon Sud. Uma hora de intervenção com anestesia local e apenas dois dias de internamento. 
Parece simples, mas na verdade, quando há atrasos e nós estamos distantes o coração fica apertadinho... Supostamente às duas horas da tarde ele estaria no seu quarto, calmo e tranquilo a beber um chá.... pois bem, até às quatro da tarde ninguém me conseguia dar notícias dele... Ninguém me sabia dizer como tinha corrido a operação, e acima de tudo, porque é que ele ainda estava na sala de recobro... Se não tive um ataque cardíaco, acho que que resisti bem. Vi a minha vidinha a andar para trás, e eu, pessimista de natureza, pensei em todos os cenários possíveis e imaginários de horror. Posso apenas dizer que chorei baba e ranho a tarde toda... 
Na terça feira de manhã acordei aliviada a pensar que em poucas horas ele estaria de regresso a casa... tudo falso! Depressa chegou o primeiro telefonema a dizer que não, que havia febre, e por isso infecção, ou seja, no mínimo mais um dia de internamento...
Quarta feira de manhã pude ir buscar o meu pilar de volta para casa. Só vos posso dizer que continuo a detestar hospitais, o cheiro, a cor cinzenta, os frascos de betadine e desinfectante...Mas que ainda bem que existem para cuidar de nós...

4 de outubro de 2018

La route

"Quand quelqu'un trouve son chemin, il ne peut pas avoir peur. Il doit avoir assez de courage pour faire des faux pas. Les déceptions, les défaites, le découragement sont des outils que Dieu utilise pour montrer la route."

in Brida de Paulo Coelho

27 de setembro de 2018

Thermomix...

E pronto, já cá está em casa...
Há muito tempo que eu e a cara metade falávamos de adquirir este gadget. Agora, com duas crianças e uma vida profissional desgastante, começa a faltar o tempo. Como não queremos abdicar de uma alimentação caseira e saudável, mas que implica tempo e organização, decidimos investir num thermomix (conhecido em Portugal como Bimby).
Hoje já experimentei o bicho. A primeira receita foi um creme de legumes (a Gabriela ontem à noite pediu-nos sopa e eu cheguei às 20H15 a casa, esgotada, e não tinha nada no frigorífico...). Enquanto a máquina trabalhou, fiz uns "osso bucco" de peru em tomate ao lado, uns escalopes de porco, um gratinado de abóbora e courgette, um arroz de passas e um bolo de chocolate. Até amanhã à noite tenho as refeições feitas... 
Adoro providenciar tudo para a minha família... Fazer a comida com amor, é amar e cuidar...

26 de setembro de 2018

Os dados estão lançados...

E já está.... Esta manhã entreguei uma candidatura a um financiamento para poder participar numa formação de 6 meses, em assistente de direcção...
Saberei a resposta a este pedido no final de Novembro.
Até lá, e tendo em linha de conta a situação profissional difícil que vivo neste momento, são horas de pensar num plano B. Sem dúvida que quero fazer esta formação, mas o elevado custo da mesma, e sem haver lugar ao financiamento pode tornar-se difícil.
Por hoje, e pelos próximos dias, desejo apenas algum descanso, depois de umas semanas tão intensas na preparação deste processo.

23 de setembro de 2018

Pour terminer L'Alchimiste, de Paulo Coelho, le livre qui a changé ma vie, un dernier passage:

"Tu mourras d'avoir vécu ta Légende Personelle.Cela vaut bien mieux que de mourir comme des millions de gens qui n'auront jamais rien su de l'existence d'une Légende Personelle. Mais ne t'inquiète pas. En général, la mort fait que l'on devient plus attentif à la vie."

C'est un livre à relire et à reprendre à chaque fois qu'on ne retrouve pas le chemin, la réponse ou la solution... Tout est là!

17 de setembro de 2018

À propos de mauvais moments, de difficultés, de rêves et de projets, je relis ce passage de l'Alchimiste, de Paulo Coelho et j'espère de tout mon coeur et mon âme que ça soit la vérité, car seulement en le croyant je pourrais retrouver la force pour mener les 6 prochains mois en avant....

"Avant de réaliser un rêve, l'Âme du Monde veut toujours évaluer tout ce qui a été appris durant le parcours. Si elle agit ainsi, ce n'est pas par méchanceté à notre egard, c'est pour que nous puissons, en même temps que notre rêve, conquérir également les leçons que nous apprenons en allant vers lui. Et c'est le moment où la plupart des gens renoncent. C'est ce que nous appelons, dans le langage du désert: mourir de soif quand les palmiers de l'oasis sont déjà en vue de l'horizon. 
Une quête commence toujours par la Chance du Débutant. Et s'achève toujours par l'Épreuve du Conquérant. 
Le jeune homme se souvint d'un vieux proverbe de son pays, qui disait que l'heure la plus sombre est celle qui vient juste avant le lever du soleil." 


6 de setembro de 2018

Rêves...

"...les coeurs des hommes sont ainsi. Ils ont peur de réaliser leurs plus grands rêves, parce qu'ils croient ne pas mériter d'y arriver, ou ne pas pouvoir y parvenir."

in L'Alchismiste, de Paulo Coelho

4 de setembro de 2018

A Gabriela está na escola...


Foi no dia 3 de Setembro que a minha pipoquinha entrou pela primeira vez para a escola. Depois de uns dias atribulados com que uma mudança de escola de última hora, tudo correu às mil maravilhas.
A Gabriela está com uma amiguinha que já conhecia, e parece estar no universo dela. A creche já não se adequava às necessidades dela, e por isso, sentimos que ela está no seu elemento natural.
Não houve choro, nem lágrimas, nem cenas agarrada às pernas dos pais, como tantos outros... Apenas um sorriso nos lábios e uns olhos abertos expectantes das novidades... A vontade de crescer e aprender são naturais na Gabriela. 
Está tão grande a minha filha....

31 de agosto de 2018

Ainda em modo regresso ao trabalho...

... faz-me todo o sentido esta frase:

"Le mal, dit L'Alchimiste, ce n'est pas ce qui entre dans la bouche de l'homme. Le mal est dans ce qui en sort."

in L'Alchismiste, de Paulo Coelho

26 de agosto de 2018

Regresso ao trabalho...

Depois de vários meses de ausência, regressei esta semana ao meu posto de trabalho enquanto vendedora. É estranho voltar a um local que já conheci tão bem, onde já dominei quase todas as variáveis e sentir que tenho de partir depois de tanto tempo de ausência... Houve algumas mudanças, mas nada de extraordinário, portanto é uma questão de dias até que tudo volte a ser extremamente rotineiro e igual a todos os dias.
Posto isto, tomei a iniciativa de falar imediatamente no primeiro dia de trabalho com a minha patroa para lhe apresentar os meus projectos para os próximos meses. Foi, sem surpresa que percebi que ela tinha outros planos para mim. Por muito que sinta o reconhecimento da parte dela de todo o esforço e mérito pelos resultados obtidos pelo passado, é apenas no momento em que lhe anuncio os MEUS projectos, e as minhas ideias e que se tudo correr como espero, partirei num futuro muito próximo, que me é dito de forma mais directa que havia um outro projecto para mim. 
Antes de vir de licença de maternidade já se adivinhava que viria uma promoção pelo horizonte e que, provavelmente, ao meu regresso, se iria confirmar. Mas agora foi-me apresentada como proposta para que eu fique. 
Estou a viver momentos de grande solidão, em que sei que tenho de tomar uma decisão: optar pelo caminho mais fácil e seguro (continuar onde estou, no quadro, com uma promoção e consequente aumento de salário, mesmo ao lado de casa, e num ambiente que já conheço....) ou partir para a incerteza (tentar entrar numa formação para obter as equivalências ao meu diploma português em França, por isso, no mínimo 6 meses de formação longe de casa, e a seguir, partir novamente para o mercado de emprego, com 35 anos às costas e uma família que precisa muito de mim....)
Sei qual é o caminho mais fácil. E sei qual é o caminho que o meu coração quer seguir.
Enquanto eu estiver no comércio nunca terei um fim-de-semana em família. O meu dia terminará sempre às 20H e nunca terei a possibilidade de ir buscar as meninas à escola, como fazem a maioria dos pais. Mas acima de tudo, ainda que este novo posto represente novas responsabilidades, eu já o ocupei a título temporário e em substituição e sei que intelectualmente não é suficiente para aquilo que eu preciso e quero fazer. 
Uma decisão é necessária. Adivinha-se uma semana de noites curtas e mal dormidas.
A incerteza e o desconhecido metem-me sempre tanto medo... Mas a certeza da desilusão de um trabalho que não me corresponde a 100% pode ser tão maléfico para o meu bem-estar....



NOTA POST SCRIPTUM:
Acabei de publicar este post e abri o livro Alquimista do Paulo Coelho, que li recentemente, e no qual fiz vários sublinhados de ideias que me marcaram para ir partilhando e relendo aqui no blogue. O sublinhado da página que abri diz:
"...personne ne doit avoir peur de l'inconnu, parce que tout homme est capable de conquérir ce qu'il veut et qui lui est nécessaire.
Tout ce que nous craignons, c'est de perdre ce que nous possédons, qu'il s'agisse de notre vie ou de nos cultures. Mais cette crainte cesse lorsque nous comprenons que notre histoire et l'histoire du monde ont été écrites par la même Main."

Obrigada a Deus e ao Universo por me trazerem respostas de uma forma tão óbvia.

19 de agosto de 2018

Tout est écrit...

"Il commença à comprendre que les pressentiments étaient de rapides plongées de l'âme dans ce courant universel de vie, au sein duquel l'histoire de tous les hommes se trouve liée de façon à ne faire qu'un: de sorte que nous pouvons tout savoir, parce que tout est écrit."

in L'Alchismiste. de Paulo Coelho

17 de agosto de 2018

Agora é que vão ser elas...

Na próxima semana regresso ao trabalho, depois de quatro meses de baixa graças a uma gravidez de risco, de dois meses e meio de licença de maternidade e mais dois meses de baixa a seguir a todo este tempo, graças a uma hemorragia violenta e consequente operação que quase me levaram deste mundo.
Seis dias depois de ter tido a Vitória e já em casa, tive uma hemorragia muito violenta. Os médicos de urgência chegaram a tempo de me estabilizar e levar para o bloco operatório. Vi-me morrer, aos poucos, a "vazar-me" de todo o meu sangue em frente aos olhos doces da minha mãe e do olhar incrédulo do meu marido. Saí de casa, com a certeza de que não voltaria, que não veria a Gabriela crescer, e que não chegaria a conhecer a Vitória. Senti que ía deixar o Ni sozinho com duas filhas bebés nos braços, e tive a certeza que ele é o melhor pai que as minhas filhas algum dia poderiam ter tido. 
Saí de casa na ambulância, serena, convencida de que a minha hora tinha chegado, e que pena que era não ter vivido tantas coisas que a vida tem para oferecer. 
Antes de entrar no bloco, comecei a despedir-me do Ni, e a dar-lhe as indicações do que deveria ser feito. Difícil, quando há menos de uma semana tínhamos recebido a benção da vida da Vitória... Ele mandou-me calar, e disse-me que ía correr tudo bem. Durante a operação os médicos foram "buscar-me" duas vezes... No dia seguinte à operação voltei a fazer uma hemorragia, que serviu para eu perceber que os médicos não são infalíveis, que o nosso corpo é que manda e que a vida não é nossa para nós mandarmos. 
A recuperação tem sido lenta e dolorosa. Tudo isto deixou feridas no meu corpo, na minha alma e no meu coração. Umas estão mais cicatrizadas do que outras. Percebi que a vida é como o andar: um passo a seguir ao outro, um dia a seguir ao outro, dando tempo para não cairmos, para tudo cicatrizar correctamente.
Hoje, consigo falar e escrever sobre o que me aconteceu sem chorar, mas acima de tudo sem vontade de chorar. Aconteceu. Sobrevivi. Por isso agora, devo-me a mim própria viver. Não quero com isto dizer que vou sair porta fora, experimentar umas drogas, e fazer todos os desatinos que me possam passar pela cabeça. Quero apenas dizer que vou saborear o que a vida tem para me dar. Desfrutar de cada instante retendo apenas o que é importante para mim, porque no final, será apenas isso que vai contar. A felicidade que podemos provar durante esta passagem, que é tão breve...
Assim, esta experiência de morte (3 sessões de psicóloga para conseguir dizer estas 3 palavras...), fez-me colocar algumas das minhas decisões em causa. Fez-me fazer um balanço, para perceber o que é que me está a passar ao lado, e que não deveria, porque a vida é curta... Porque há coisas que eu não quero perder, porque o mais importante é guardar as estrelas a cintilar nos nossos olhos.
E tudo isto provocou mudanças na minha vida. Percebi que tenho projectos para executar, tenho ideias, tenho sonhos... Mas, no meio de todo este reboliço de mudanças interiores, de sonhos e projectos e enquanto as coisas se organizam, o regresso ao trabalho impõe-se.
Se antes deste período de ausência tinha a certeza de que estava bem neste trabalho, neste momento tenho a certeza do contrário. Não me satisfaz, não me dá felicidade. É relativamente bem pago, graças a um aumento que me foi proposto há cerca de um ano, como forma de gratificação pelo meu desempenho. Mas o dinheiro, pelo menos para mim, não é tudo. Os sonhos, a felicidade, as estrelas nos olhos sempre valeram mais do que a estabilidade e a certeza do final do mês. Já houve tempos em que sonhava ter o que tenho hoje. Não sou ingrata. Pelo contrário. Percorri muito caminho para estar onde estou, engoli muitos sapos, e arregacei as mangas quando foi necessário. Tenho uma situação estável, que foi o que procurei. 
Mas hoje procuro outra coisa, graças à minha experiência de morte. Procuro a satisfação profissional que senti quando estava na Câmara Municipal de Peniche, e que mais tarde voltei a sentir de uma forma arrebatadora na Panificadora de Alcanhões. Duas experiências completamente díspares mas que tanto me enriqueceram: a dimensão social do público e a dimensão económica do privado. 
Há cerca de três anos atrás comecei a desenhar um projecto neste novo país que me acolhe. Na altura, o meu coração tendia ainda para o social. Depois, entrei para o meu trabalho actual, como vendedora, e depois veio a possibilidade de evoluir na empresa (que nunca chegou a acontecer, e apenas me serviu para me aprisionar a uma possibilidade), depois veio o projecto casa, depois veio novamente o projecto família com a segunda filha... E o meu EU ficou algures perdido no meio de tantos papéis, obrigações, projectos,... 
Até que a minha vida ficou suspensa por um fio. Até que percebi de uma forma muito violenta que a vida é curta, e que não devemos adiar o que nos pode fazer felizes.
Não sei se vou conseguir realizar os novos projectos/sonhos que tenho na minha cabeça, mas sei que evoluí, que cresci, e que este tempo de maturação me permitiu perceber o que quero. E que me devo a mim própria tentar, mais que não seja,hoje eu sei que sou livre para sonhar. Porque "sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança".

16 de agosto de 2018

Décision...

"Quand quelqu'un prenait une décision, il se plongeait en fait dans un courant impétueux qui l'emportait vers une destination qu'il n'avait jamais entrevue, même en rêve, au moment où il avait pris cette décision."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

15 de agosto de 2018

Férias, aniversários e champanhe...

Há uns dias que não vinha por este canto. Estou oficialmente de férias (depois de um longo momento de baixa e licença de maternidade) e como tive a família quase toda cá por casa, dediquei o meu tempo a desfrutar de cada segundo com eles, deixando para a posteridade a escrita.
Pude estar com a minha mãe, que é apenas a pessoa com os olhos mais bonitos que eu conheço no mundo inteiro. Pude estar com a minha irmã, que adoro, com o cómico do meu cunhado e com os meus sobrinhos que cresceram e estão da minha altura....
Os serões na rua a partilhar risadas, os momentos à beira da água no lago, as caminhadas para dar pão aos patos, a missa do oitavo dia pelo falecimento da minha avó com a família quase toda presente, as descobertas gastronómicas, e tantas outras coisas fizeram destes dias, momentos especiais e saborosos.
Continuo a insistir na ideia de que as melhores férias, não são aquelas que vemos nas fotos das revistas das agências de viagens. As melhores férias são aquelas onde aproveitamos para fazer e estar onde somos felizes, como somos felizes e com quem somos felizes. E estas férias, foram por isso mesmo muito boas.
A acrescentar a isto, pudemos comemorar todos juntos os 40 anos da cara-metade. Foi muito bom brindar à vida dele, ao sorriso dele, à saúde dele, à felicidade dele. É um orgulho poder partilhar a minha caminhada com alguém tão íntegro, honesto, trabalhador, meigo e solidário. E que sabe escolher champanhe..... :)

2 de agosto de 2018

Até um dia...





A minha avó morreu. Escrevo estas linhas, para que sirvam de última memória e homenagem.
Foi uma lutadora.
Sofreu. Mas todo o sofrimento tem um fim, ainda que por vezes nos pareça interminável.
Agradeço a Deus todos os bons momentos que vivi com ela, todas as gargalhadas inigualáveis que dei com ela e por causa dela. 
Agradeço a Deus a possibilidade de me ter despedido dela por diversas vezes e agradeço a possibilidade que tive de lhe dizer tudo o que sentia. Agradeço também a Deus por me ter dado a oportunidade de lhe apresentar as duas bisnetas com que a minha vida foi brindada, e sei hoje, que este foi um dos meus momentos mais felizes dos últimos meses. 
Sei que a esta hora, ela já está com o meu avô e com o filho que teve e que nunca pôde ouvir chorar, nem abraçar. Sei também que a partir de hoje, temos mais uma estrela no céu para nos guiar, mais um anjo para nos proteger.
Até um dia destes Avó!

T'Choupi...


O T'Choupi é um rapazinho que tem ajudado as famílias francesas na educação dos seus pequenos. 
Trata-se de um conjunto de narrativas em que a personagem principal é este bonequinho e que, de forma educativa, explica aos mais pequenos que não se faz xixi nas cuecas, que bicho papão é esse da escola, que às vezes ele pode ficar em casa dos avós, que não é necessário ter medo do escuro, que se deve emprestar, que banho é uma coisa boa, etc.... Devem existir mil e um títulos, cada um abordando uma temática diferente.
Nós cá em casa adoptámos o T'Choupi, quando quisemos que a Gabriela começasse a ir ao penico e tenho a dizer que ajudou imenso. Mais tarde, recorremos ao T'Choupi para preparar a chegada da mana mais nova. Voltámos a recorrer ao T'Choupi para explicar à Gabriela o que era a escola. 
A mais recente aquisição é:
Basicamente, cada vez que tentamos tirar a chucha à Gabriela temos uma crise de choro, lágrimas e sofrimento. Por isso, encomendei este título, para ver se a conseguimos convencer.... Pais sofrem...

1 de agosto de 2018

"Et pourtant, les brebis avaient enseigné une chose autrement importante: qu'il y avait dans le monde un langage qui était compris de tous et que lui-même avait employé pendant tout ce temps pour faire progresser la boutique. C´était le langage de l'enthousiasme, des choses que l'on fait avec amour, avec passion, en vue d'un résultat que l'on souhaite obtenir ou en quoi l'on croit."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

Tempo...


Lago de Bouvent - Bourg-en-Bresse

Às vezes dou por mim a pensar no que poderia fazer com as meninas, para lhes proporcionar um bom momento e com muita alegria. E rapidamente, quando faço algumas coisas com elas percebo que não é necessário grandes planos, nem grandes projectos. Uma simples ida ao lago aqui ao lado, em que lhes damos tempo de fazerem o que gostam connosco (que no caso da pequenina basicamente se resume a uma sestinha), proporciona-lhes momentos de inigualável alegria. 
Temos tido a preocupação de perguntar à mais velha o que é que ela fazer durante as férias. Esta ano são atípicas, dado que eu e a cara metade não temos férias ao mesmo tempo. Daí que tenhamos decidido não sair de cá, porque isso só faz sentido todos juntos. Apesar deste percalço, estamos a tentar proporcionar às meninas (e a nós ao mesmo tempo) o "normal" de umas férias. Saídas, banhos, gelados fora de horas, bolachas mesmo antes das refeições, horas de dormir alteradas... 
Por vezes basta apenas dar tempo aos nossos filhos, partilharmos o nosso tempo com eles...

31 de julho de 2018

Agricultura biológica e modos de vida...

Alimentos do nosso jardim


Desde que comprámos a nossa casa, que temos guardado  um pouco de terreno para fazer quintal. Ao início, a ideia era essencialmente permitir à Gabriela ter uma proximidade com a origem dos alimentos. Queríamos que ela estivesse sensibilizada para a questão da produção biológica, da protecção do ambiente, e acima de tudo, que ela percebesse que os alimentos não crescem no supermercado.
A Gabriela não liga absolutamente nada ao quintal. Morangos e tomate cereja que são tipo os alimentos que fazem vibrar a maioria das crianças, não lhe dizem absolutamente nada. Não gosta e não se interessa.
Apesar disso, enquanto família, temos vindo a aumentar a nossa preocupação pela diminuição da pegada ecológica. Para além da famosa reciclagem que fazemos há bastante tempo e que hoje em dia já se faz na maioria das casas, mantivemos o nosso quintal numa lógica de produção biológica, ou seja, sem qualquer tipo de tratamento. Se houver produção, regalamo-nos a comer alimentos que sabemos que não nos farão mal, se não houver produção, paciência. No início deste ano juntámos a estas iniciativas a compostagem, sendo que instalámos um compostor no nosso jardim. Percebemos que a quantidade de lixo que mandávamos para a lixeira reduziu substancialmente para além de que no próximo ano teremos composto orgânico para as nossas plantações, evitando assim mais uma despesa.
Não somos extremistas, mas compramos cada vez mais produtos bio e pensamos nas nossas opções de consumo. Quando adquirimos fruta e legumes preferimos sempre o francês ou português e evitamos adquirir o que é importado de mais longe. 
No ano passado, precisámos de trocar de carro, e optámos por ficar com dois carros a gasolina e abandonar definitivamente o diesel.
Compramos brinquedos, e acima de tudo, livros em segunda mão para as meninas. 
Vivemos sem fanatismos, mas a pensar que este mundo apenas nos é emprestado e que nós gostamos de ter qualidade de vida. E que com alguma atenção e cuidado, todos podemos viver melhor.

30 de julho de 2018

Entrée...


Tartines au paté d'avocat et thon avec des tomates cerises

29 de julho de 2018

Palavras de Deus

Em casa de Marta e Maria
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Lucas 10, 38-42


Há pouco tempo, fui remetida para esta leitura da Bíblia. Já a conhecia, já a tinha lido, já a tinha ouvido. No entanto, nunca a tinha escutado. Desta vez, penso que foi diferente, ou pelo menos, vou tentar que seja. Acho que finalmente percebi. Todos os dias ando atarefada, a correr da direita para a esquerda, para trás e para a frente. Tenho horários, tenho responsabilidades, tenho pessoas que dependem de mim, tenho resultados que me são exigidos. E no meio disto tudo, esqueço-me rapidamente de quem nunca se esquece de mim. Esqueço-me de criar tempo para Deus, no meu dia-a-dia. Aquele momento em que posso rezar, ou ler, ou contemplar, deixando espaço e tempo que me permitam chegar até Ele. 
Depois de perceber que sou mortal, que posso morrer (só percebi isso à pouco tempo) e que esta vida não é comandada pela minha vontade e pelos meus desejos, percebi também que não me organizo para ter tempo para mim, para Ele, e assim, para nós...
Estou sempre tão preocupada em ter o jantar preparado a horas, que me esqueço de Lhe agradecer a comida que tenho para pôr na mesa.
Estou sempre tão preocupada a consultar o saldo da conta bancária para ver como está a correr o mês, que me esqueço de Lhe agradecer o ter quanto chegue.
E tenho tantos exemplos.... O meu dia, a minha vida é um exemplo de esquecimento.
E de vez em quando, opss.... lembro-me!!! 
Por isso, hoje peço para que deixe de ser assim. Tento que não seja assim. Penso nesta passagem de Marta e Maria e percebo que sou tantas vezes Marta, mas que gostava tanto mais de ser Maria....
Um dia, falava com um Padre aqui em Bourg-en-Bresse (esse Padre hoje é Bispo), e depois de muito me queixar dos vários problemas da minha vida, ele perguntou-me se eu queria aprender uma oração em francês. Respondi-lhe que sim, e armei-me com a mais profunda concentração que consegui ter para memorizar essas palavras sábias. E então, ele disse-me: "Seigneur, je me tourne vers Toi" - "Senhor, eu volto-me para Ti". Memorizei e perguntei-lhe qual era a continuação. E ele respondeu-me a sorrir, que não havia. Que era apenas isto, e perguntou-me se eu tinha retido a oração. Ri-me dele.... Não percebi o alcance da oração que ele me tinha ensinado.
Hoje, repito-a muitas vezes, e em francês. E depois repetir esta frase, e de me remeter ao silêncio, sinto-me mais perto d'Ele. Sinto que Ele me ouve. E que está presente, porque eu permiti que ele estabelecesse a sua Presença. Porque eu me lembrei e dei espaço e tempo do meu dia para que Ele manifeste o seu amor por mim.

28 de julho de 2018

Liberté...

"Le jeune homme se prit à envier la liberté du vent, et comprit qu'il pourrait être comme lui. Rien ne l'en empêchait, sinon lui-même."


in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

27 de julho de 2018

Saldos a 90%

Esta manhã, parei numa grande superfície comercial para comprar escalopes para fazer para o almoço. Ao entrar apercebi-me de uma grande confusão na parte do têxtil. As pessoas pareciam loucas, com carrinhos de supermercado carregados de roupa! Quando lá fora estão 38⁰, acaba por parecer um pouco estranho... 
Comecei a tomar atenção às publicidades e apercebi-me que todo o têxtil que tinha estado em saldos, hoje estava a 90%. Acabei por trazer umas t-shirts para mim, uns casacos mais grossos para a mais velha a pensar no próximo Outono, meias para a cara-metade e uns pijamas para as duas miúdas. Somatório da despesa: 159,84€ reduzido a 16,00€ após os descontos... Entrei no carro, desconcertada. Trazia 2 sacos de roupa por 16€... Apesar de representar uma séria poupança no orçamento familiar, porque apenas trouxe coisas que efectivamente até estávamos a precisar, penso nas pessoas que participaram no fabrico, na venda e na distribuição destas peças... Quanto terão auferido de remuneração? Tenho a certeza que o distribuidor final não perdeu... 

26 de julho de 2018

Bonnes choses...

"La certitude lui vint que, si elle ne le revoyait pas, le surlendemain, la jeune fille n'y prendrait même pas garde: pour elle, tous les jours étaient semblables, et quand tous les jours sont ainsi semblables les uns aux autres, c'est que les gens ont cessé de s'apercevoir des bonnes choses qui se présentent dans leur vie tant que le soleil traverse le ciel."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

25 de julho de 2018

Mosteiro de Brou




Este é o quadro que temos quando saímos de casa. Vivemos nas traseiras do Mosteiro de Brou, e muitas noites, acabamos por sair com as meninas depois de jantar para apanhar ar fresco. Esta noite para além do cenário habitual, tínhamos por companhia esta Lua enorme, que iluminava ainda mais a nossa caminhada. Sabem bem estes momentos...

Les rêves...

" «C'est justement la possibilité de réaliser un rêve qui rend la vie intéressante», songea-t-il en levant à nouveau son regard vers le ciel, tout en pressant le pas. Il venait de se rappeler qu'il y avait à Tarifa une vieille femme qui savait interpréter les rêves."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho


Vitória...


A Vitória chama-se Vitória porque é uma vencedora. Antes mesmo de chegar a este mundo, já tinha vencido. Venceu o obstáculo da endometriose da mãe e dos problemas de uretra do pai. Contra todas as expectativas de equipas médicas, um milagre aconteceu. Quando já havia consultas marcadas para retomar os tratamentos de fertilidade que tínhamos feito para ter a Gabriela, aparece um pontinho no ovário, com um coração que batia, a dizer "Estou aqui, cheguei, venci!". 
Quando se confirmou que era uma menina, o nome estava já escolhido.
Foi escolhido pela Isabel. Quando eu estava grávida da Gabriela, a Isabel disse-me um dia que apesar do nome da bébé já estar escolhido, nós deveríamos chamar-lhe Vitória, porque era uma vitória termos este bébé. Na altura, já tínhamos escolhido Gabriela e não nos pareceu correcto mudar. Mas a ideia ficou... Ao sabermos que íamos ter mais uma menina, não houve sequer tempo de reflexão. Perguntei ao Ni o que é que ele achava, e ele sorriu. Era óbvio!!!
Há cerca de 4 meses atrás nascia então a Vitória. Um parto que correu muito bem, sem pontos, sem dramas, sem grandes cicatrizes. Sim, a bébé tinha duas voltas de cordão no pescoço, mas aguentou muito bem as 10 horas de parto. Nasceu linda, serena, a pedir-nos apenas para ser amada. Foi logo posta ao peito, e parecia que toda a minha vida tinha sido feita para chegar àquele momento... A perfeição existe! 
Estávamos na Semana Santa. As visitas à maternidade, por razões de segurança e dada a existência de vários vírus na zona, estava restrita aos pais e irmãos mais velhos. Apesar de sentir grande tristeza porque a minha mãe não nos podia vir visitar, senti-me bastante resguardada. Havia no ar da maternidade um ambiente de calma e serenidade, que eu não tinha conhecido quando tive a Gabriela. Menos barulho nos corredores, mais calma, a possibilidade de fazer uma sestinha quando a Vitória também dormia. Mesmo nas equipas de saúde notava-se que a calma e a serenidade reinavam. Tive muito mais apoio para lançar a amamentação do que tinha tido pelo nascimento da Gabriela. Tive sempre alguém disponível para as minhas dúvidas e receios. 
A Vitória teve de fazer duas visitas à incubadora e o acompanhamento foi excelente. Correu tudo muito bem. 
A Gabriela veio conhecer a mana, e foi assim o momento mais especial da minha vida até hoje. Eu, o Ni e as nossas duas princesas. Amor a transbordar, coração cheio, sorriso na alma e no rosto. Acredito que para perceber o alcance da felicidade que um momento destes propícia na vida de um comum mortal é preciso vivê-lo. Não há palavras no dicionário dos homens que permitam verbalizar a magia que ocorreu naquele quarto.

24 de julho de 2018

Tarefas domésticas...


Os finais de dia são sempre mais difíceis de gerir quando se dá o encontro de crianças e tarefas domésticas imprescindíveis e necessárias. Frequentemente, dou comigo a tentar arrumar a loiça da máquina, ou a fazer o jantar, ou a arrumar as compras do dia, ou a pôr a mesa com a Gabriela literalmente agarrada às minhas pernas. A Gabriela já passa o dia fora de casa, e é normal que não perceba, porque é que no final de um dia longe da mãe, ainda tem de partilhar a mãe com as tarefas.... 
Assim, e com a idade da Gabriela, começa a ser mais fácil gerir este "conflito". A ideia é simples: partilhar com ela algumas tarefas fáceis e adaptadas de forma a que possamos estar juntas sem arriscar jantar fast food à pressa às 9 da noite... Hoje perguntei-lhe se ela queria arrumar os talheres da máquina da loiça na gaveta. Expliquei-lhe que tinha de os limpar e depois encontrar o sítio correcto dentro da gaveta. Para a Gabriela foi um jogo!!! Para mim, permitiu-me avançar com as tarefas, ao lado dela, e sempre a brincar. Ao mesmo tempo, e sob a forma de brincadeira ela vai aprendendo a participar na vida da casa. É tão bom vê-los crescer....

23 de julho de 2018

"Le berger avec son rêve a traversé des frontières, il a découvert de nouvelles langues, franchi des óceans. Le berger que j'étais - et que je suis encore. En quête d'un trésor, et en même temps comprenant que  le chemin est aussi important que le but à atteindre."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

22 de julho de 2018

Yoga...


Apesar de já ouvir falar há muitos anos desta prática/estilo de vida, apenas a conheci mais profundamente nos últimos meses. De facto, para a preparação para o parto da Vitória, e dadas as dificuldades que tinha conhecido no parto da Gabriela, optei por fazer uma preparação mais aprofundada, ou seja, aliando conhecimentos gerais, preparação física, sofrologia, amamentação...
Enfim, depois de ler e falar com profissionais da área, acabei por ser direccionada para o Yoga. Durante cerca de 4 meses fiz sessões semanais e hoje sei que me ajudaram imenso, quer para fazer face a todas as vicissitudes de uma gravidez, quer para as dificuldades naturais de um parto.
Estava com vontade de começar a praticar Yoga pós-parto, ou seja, um yoga mais adaptado às necessidades de uma recém-mamã, mas várias razões e dificuldades impediram a concretização desta vontade.
Apesar de tudo, o bichinho do yoga ficou... E hoje decidi participar numa sessão de yoga muito especial, num quadro exterior idílico, onde um campo de relva imenso é limitado por um espelho de água azul, com árvores grandes e verdejantes e ainda por cima, num dia em que fomos brindados por um daqueles céus azuis que fazem parar a respiração... Enfim, posso dizer que fiquei com os chakras alinhados e recarregados para o resto do dia e que ganhei a consciência de que o meu corpo está a precisar muito da minha atenção e do meu carinho.

A mais velha diz...

- Maman, j'ai froid.
- Eh oui. On va habiller des gants, une écharpe et un bonnet tout de suite. Et aprés on mettra les bottes.
- Mais maman... c'est pas l'hiver... Maintenant c'est l'été!

(3 anos e já conhece as estações do ano.... nada mal...)

21 de julho de 2018

A imaginação das crianças ao serviço dos seus interesses....

- Gabriela, il faut comprendre que le matin il faut rester dans ton lit. Même si tu te réveilles, tu restes dans ton lit.
- Mais je peux pas...
- Pourquoi tu ne peux pas?
- Parce qu'il y a un homme. Et une sourcière.
- Un homme et une sourcière?
- Oui maman.... Et un coq, un grand coq, et un calamar et une meduse...
- Ah... Alors je comprends. C'est bien trop de monde....

Eu, no lugar da criança, com tanta gente na minha cama, também fugiria para a cama dos meus pais....

20 de julho de 2018

Anos Depois....

... num país diferente, depois de alguns falecimentos, de alguns nascimentos, de muitos caminhos percorridos, de muitas dúvidas, de muitos anseios, de muitas mudanças, de muitas alegrias, de muitas conquistas, percebi que esta estrada que tracei em 2007 (este blogue), continua a fazer sentido na minha vida.
O gaivota perdida foi criado nos idos de 2007, quando "aterrei" em Peniche. Na altura não sabia o que vinha aí pela frente, mas sabia que aquela terra iria mudar a minha visão do mundo e sentia que me iria mudar para sempre. Tudo verdade.
Em 2010, fruto da visibilidade que o meu trabalho à época me proporcionava, fui coagida pelos poderes políticos de então, que dominavam os poderes públicos locais, a encerrar este espaço de reflexão. Burrice!!! Senti-me acorrentada, amordaçada e aceitei, calada. Tal prisioneiros outrora do forte, também eu o fui. Foi sol de pouca dura, pois na altura, na visão desses tais poderes políticos locais, um técnico, não deixa de ser um técnico, e por isso, substituível. Foi o caso...
Depois de ter saído da C.M.P.  reabri o blogue, mas infelizmente, com a  impossibilidade de recuperar 3 anos de publicações, com centenas de leituras e de comentários que provavam a minha evolução, a minha vida e que faziam parte das minhas memórias. Estava perdida para sempre a génese da gaivota perdida.
Ainda assim, reabri este espaço, com um novo look, e com vontade. Mas a vontade não resistiu ao desânimo e às dificuldades que a vida apresentava nos idos de 2012. Em 2013, com a imigração para este país que me acolhe hoje, e de onde escrevo, a minha alma gémea, achou que seria uma boa ideia reabrir este espaço... Essa ideia deu origem a um único post.... e por aí me fiquei....  Uma das grandes lições que já retirei da vida, é que as mudanças têm de partir de nós e nosso interior, senão não serão sólidas no tempo.
Tenho saudades de escrever, tenho saudades de ler e de me ler... caramba! Preciso mesmo disto. Desta vez, a ideia partiu de mim.
Depois de uma experiência de morte, que poderei aqui contar mais tarde, e que me levou a uma consequente série de sessões com uma psicóloga, que um dia me disse que eu deveria produzir algo. Registar. Escrever. Lembrei-me que em tempos o fazia, e que essa escrita fazia parte do meu equilíbrio. Já não pensava neste blogue há tanto tempo. Mas agora, que estou viva, e que me sinto viva, porque não voltar a tentar? (sem acordos ortográficos, sem pressões, sem enviar o link a toda a gente).
Apenas eu e este teclado, eu e esta página branca...