31 de julho de 2018

Agricultura biológica e modos de vida...

Alimentos do nosso jardim


Desde que comprámos a nossa casa, que temos guardado  um pouco de terreno para fazer quintal. Ao início, a ideia era essencialmente permitir à Gabriela ter uma proximidade com a origem dos alimentos. Queríamos que ela estivesse sensibilizada para a questão da produção biológica, da protecção do ambiente, e acima de tudo, que ela percebesse que os alimentos não crescem no supermercado.
A Gabriela não liga absolutamente nada ao quintal. Morangos e tomate cereja que são tipo os alimentos que fazem vibrar a maioria das crianças, não lhe dizem absolutamente nada. Não gosta e não se interessa.
Apesar disso, enquanto família, temos vindo a aumentar a nossa preocupação pela diminuição da pegada ecológica. Para além da famosa reciclagem que fazemos há bastante tempo e que hoje em dia já se faz na maioria das casas, mantivemos o nosso quintal numa lógica de produção biológica, ou seja, sem qualquer tipo de tratamento. Se houver produção, regalamo-nos a comer alimentos que sabemos que não nos farão mal, se não houver produção, paciência. No início deste ano juntámos a estas iniciativas a compostagem, sendo que instalámos um compostor no nosso jardim. Percebemos que a quantidade de lixo que mandávamos para a lixeira reduziu substancialmente para além de que no próximo ano teremos composto orgânico para as nossas plantações, evitando assim mais uma despesa.
Não somos extremistas, mas compramos cada vez mais produtos bio e pensamos nas nossas opções de consumo. Quando adquirimos fruta e legumes preferimos sempre o francês ou português e evitamos adquirir o que é importado de mais longe. 
No ano passado, precisámos de trocar de carro, e optámos por ficar com dois carros a gasolina e abandonar definitivamente o diesel.
Compramos brinquedos, e acima de tudo, livros em segunda mão para as meninas. 
Vivemos sem fanatismos, mas a pensar que este mundo apenas nos é emprestado e que nós gostamos de ter qualidade de vida. E que com alguma atenção e cuidado, todos podemos viver melhor.

30 de julho de 2018

Entrée...


Tartines au paté d'avocat et thon avec des tomates cerises

29 de julho de 2018

Palavras de Deus

Em casa de Marta e Maria
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Lucas 10, 38-42


Há pouco tempo, fui remetida para esta leitura da Bíblia. Já a conhecia, já a tinha lido, já a tinha ouvido. No entanto, nunca a tinha escutado. Desta vez, penso que foi diferente, ou pelo menos, vou tentar que seja. Acho que finalmente percebi. Todos os dias ando atarefada, a correr da direita para a esquerda, para trás e para a frente. Tenho horários, tenho responsabilidades, tenho pessoas que dependem de mim, tenho resultados que me são exigidos. E no meio disto tudo, esqueço-me rapidamente de quem nunca se esquece de mim. Esqueço-me de criar tempo para Deus, no meu dia-a-dia. Aquele momento em que posso rezar, ou ler, ou contemplar, deixando espaço e tempo que me permitam chegar até Ele. 
Depois de perceber que sou mortal, que posso morrer (só percebi isso à pouco tempo) e que esta vida não é comandada pela minha vontade e pelos meus desejos, percebi também que não me organizo para ter tempo para mim, para Ele, e assim, para nós...
Estou sempre tão preocupada em ter o jantar preparado a horas, que me esqueço de Lhe agradecer a comida que tenho para pôr na mesa.
Estou sempre tão preocupada a consultar o saldo da conta bancária para ver como está a correr o mês, que me esqueço de Lhe agradecer o ter quanto chegue.
E tenho tantos exemplos.... O meu dia, a minha vida é um exemplo de esquecimento.
E de vez em quando, opss.... lembro-me!!! 
Por isso, hoje peço para que deixe de ser assim. Tento que não seja assim. Penso nesta passagem de Marta e Maria e percebo que sou tantas vezes Marta, mas que gostava tanto mais de ser Maria....
Um dia, falava com um Padre aqui em Bourg-en-Bresse (esse Padre hoje é Bispo), e depois de muito me queixar dos vários problemas da minha vida, ele perguntou-me se eu queria aprender uma oração em francês. Respondi-lhe que sim, e armei-me com a mais profunda concentração que consegui ter para memorizar essas palavras sábias. E então, ele disse-me: "Seigneur, je me tourne vers Toi" - "Senhor, eu volto-me para Ti". Memorizei e perguntei-lhe qual era a continuação. E ele respondeu-me a sorrir, que não havia. Que era apenas isto, e perguntou-me se eu tinha retido a oração. Ri-me dele.... Não percebi o alcance da oração que ele me tinha ensinado.
Hoje, repito-a muitas vezes, e em francês. E depois repetir esta frase, e de me remeter ao silêncio, sinto-me mais perto d'Ele. Sinto que Ele me ouve. E que está presente, porque eu permiti que ele estabelecesse a sua Presença. Porque eu me lembrei e dei espaço e tempo do meu dia para que Ele manifeste o seu amor por mim.

28 de julho de 2018

Liberté...

"Le jeune homme se prit à envier la liberté du vent, et comprit qu'il pourrait être comme lui. Rien ne l'en empêchait, sinon lui-même."


in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

27 de julho de 2018

Saldos a 90%

Esta manhã, parei numa grande superfície comercial para comprar escalopes para fazer para o almoço. Ao entrar apercebi-me de uma grande confusão na parte do têxtil. As pessoas pareciam loucas, com carrinhos de supermercado carregados de roupa! Quando lá fora estão 38⁰, acaba por parecer um pouco estranho... 
Comecei a tomar atenção às publicidades e apercebi-me que todo o têxtil que tinha estado em saldos, hoje estava a 90%. Acabei por trazer umas t-shirts para mim, uns casacos mais grossos para a mais velha a pensar no próximo Outono, meias para a cara-metade e uns pijamas para as duas miúdas. Somatório da despesa: 159,84€ reduzido a 16,00€ após os descontos... Entrei no carro, desconcertada. Trazia 2 sacos de roupa por 16€... Apesar de representar uma séria poupança no orçamento familiar, porque apenas trouxe coisas que efectivamente até estávamos a precisar, penso nas pessoas que participaram no fabrico, na venda e na distribuição destas peças... Quanto terão auferido de remuneração? Tenho a certeza que o distribuidor final não perdeu... 

26 de julho de 2018

Bonnes choses...

"La certitude lui vint que, si elle ne le revoyait pas, le surlendemain, la jeune fille n'y prendrait même pas garde: pour elle, tous les jours étaient semblables, et quand tous les jours sont ainsi semblables les uns aux autres, c'est que les gens ont cessé de s'apercevoir des bonnes choses qui se présentent dans leur vie tant que le soleil traverse le ciel."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

25 de julho de 2018

Mosteiro de Brou




Este é o quadro que temos quando saímos de casa. Vivemos nas traseiras do Mosteiro de Brou, e muitas noites, acabamos por sair com as meninas depois de jantar para apanhar ar fresco. Esta noite para além do cenário habitual, tínhamos por companhia esta Lua enorme, que iluminava ainda mais a nossa caminhada. Sabem bem estes momentos...

Les rêves...

" «C'est justement la possibilité de réaliser un rêve qui rend la vie intéressante», songea-t-il en levant à nouveau son regard vers le ciel, tout en pressant le pas. Il venait de se rappeler qu'il y avait à Tarifa une vieille femme qui savait interpréter les rêves."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho


Vitória...


A Vitória chama-se Vitória porque é uma vencedora. Antes mesmo de chegar a este mundo, já tinha vencido. Venceu o obstáculo da endometriose da mãe e dos problemas de uretra do pai. Contra todas as expectativas de equipas médicas, um milagre aconteceu. Quando já havia consultas marcadas para retomar os tratamentos de fertilidade que tínhamos feito para ter a Gabriela, aparece um pontinho no ovário, com um coração que batia, a dizer "Estou aqui, cheguei, venci!". 
Quando se confirmou que era uma menina, o nome estava já escolhido.
Foi escolhido pela Isabel. Quando eu estava grávida da Gabriela, a Isabel disse-me um dia que apesar do nome da bébé já estar escolhido, nós deveríamos chamar-lhe Vitória, porque era uma vitória termos este bébé. Na altura, já tínhamos escolhido Gabriela e não nos pareceu correcto mudar. Mas a ideia ficou... Ao sabermos que íamos ter mais uma menina, não houve sequer tempo de reflexão. Perguntei ao Ni o que é que ele achava, e ele sorriu. Era óbvio!!!
Há cerca de 4 meses atrás nascia então a Vitória. Um parto que correu muito bem, sem pontos, sem dramas, sem grandes cicatrizes. Sim, a bébé tinha duas voltas de cordão no pescoço, mas aguentou muito bem as 10 horas de parto. Nasceu linda, serena, a pedir-nos apenas para ser amada. Foi logo posta ao peito, e parecia que toda a minha vida tinha sido feita para chegar àquele momento... A perfeição existe! 
Estávamos na Semana Santa. As visitas à maternidade, por razões de segurança e dada a existência de vários vírus na zona, estava restrita aos pais e irmãos mais velhos. Apesar de sentir grande tristeza porque a minha mãe não nos podia vir visitar, senti-me bastante resguardada. Havia no ar da maternidade um ambiente de calma e serenidade, que eu não tinha conhecido quando tive a Gabriela. Menos barulho nos corredores, mais calma, a possibilidade de fazer uma sestinha quando a Vitória também dormia. Mesmo nas equipas de saúde notava-se que a calma e a serenidade reinavam. Tive muito mais apoio para lançar a amamentação do que tinha tido pelo nascimento da Gabriela. Tive sempre alguém disponível para as minhas dúvidas e receios. 
A Vitória teve de fazer duas visitas à incubadora e o acompanhamento foi excelente. Correu tudo muito bem. 
A Gabriela veio conhecer a mana, e foi assim o momento mais especial da minha vida até hoje. Eu, o Ni e as nossas duas princesas. Amor a transbordar, coração cheio, sorriso na alma e no rosto. Acredito que para perceber o alcance da felicidade que um momento destes propícia na vida de um comum mortal é preciso vivê-lo. Não há palavras no dicionário dos homens que permitam verbalizar a magia que ocorreu naquele quarto.

24 de julho de 2018

Tarefas domésticas...


Os finais de dia são sempre mais difíceis de gerir quando se dá o encontro de crianças e tarefas domésticas imprescindíveis e necessárias. Frequentemente, dou comigo a tentar arrumar a loiça da máquina, ou a fazer o jantar, ou a arrumar as compras do dia, ou a pôr a mesa com a Gabriela literalmente agarrada às minhas pernas. A Gabriela já passa o dia fora de casa, e é normal que não perceba, porque é que no final de um dia longe da mãe, ainda tem de partilhar a mãe com as tarefas.... 
Assim, e com a idade da Gabriela, começa a ser mais fácil gerir este "conflito". A ideia é simples: partilhar com ela algumas tarefas fáceis e adaptadas de forma a que possamos estar juntas sem arriscar jantar fast food à pressa às 9 da noite... Hoje perguntei-lhe se ela queria arrumar os talheres da máquina da loiça na gaveta. Expliquei-lhe que tinha de os limpar e depois encontrar o sítio correcto dentro da gaveta. Para a Gabriela foi um jogo!!! Para mim, permitiu-me avançar com as tarefas, ao lado dela, e sempre a brincar. Ao mesmo tempo, e sob a forma de brincadeira ela vai aprendendo a participar na vida da casa. É tão bom vê-los crescer....

23 de julho de 2018

"Le berger avec son rêve a traversé des frontières, il a découvert de nouvelles langues, franchi des óceans. Le berger que j'étais - et que je suis encore. En quête d'un trésor, et en même temps comprenant que  le chemin est aussi important que le but à atteindre."

in L'Alchimiste, de Paulo Coelho

22 de julho de 2018

Yoga...


Apesar de já ouvir falar há muitos anos desta prática/estilo de vida, apenas a conheci mais profundamente nos últimos meses. De facto, para a preparação para o parto da Vitória, e dadas as dificuldades que tinha conhecido no parto da Gabriela, optei por fazer uma preparação mais aprofundada, ou seja, aliando conhecimentos gerais, preparação física, sofrologia, amamentação...
Enfim, depois de ler e falar com profissionais da área, acabei por ser direccionada para o Yoga. Durante cerca de 4 meses fiz sessões semanais e hoje sei que me ajudaram imenso, quer para fazer face a todas as vicissitudes de uma gravidez, quer para as dificuldades naturais de um parto.
Estava com vontade de começar a praticar Yoga pós-parto, ou seja, um yoga mais adaptado às necessidades de uma recém-mamã, mas várias razões e dificuldades impediram a concretização desta vontade.
Apesar de tudo, o bichinho do yoga ficou... E hoje decidi participar numa sessão de yoga muito especial, num quadro exterior idílico, onde um campo de relva imenso é limitado por um espelho de água azul, com árvores grandes e verdejantes e ainda por cima, num dia em que fomos brindados por um daqueles céus azuis que fazem parar a respiração... Enfim, posso dizer que fiquei com os chakras alinhados e recarregados para o resto do dia e que ganhei a consciência de que o meu corpo está a precisar muito da minha atenção e do meu carinho.

A mais velha diz...

- Maman, j'ai froid.
- Eh oui. On va habiller des gants, une écharpe et un bonnet tout de suite. Et aprés on mettra les bottes.
- Mais maman... c'est pas l'hiver... Maintenant c'est l'été!

(3 anos e já conhece as estações do ano.... nada mal...)

21 de julho de 2018

A imaginação das crianças ao serviço dos seus interesses....

- Gabriela, il faut comprendre que le matin il faut rester dans ton lit. Même si tu te réveilles, tu restes dans ton lit.
- Mais je peux pas...
- Pourquoi tu ne peux pas?
- Parce qu'il y a un homme. Et une sourcière.
- Un homme et une sourcière?
- Oui maman.... Et un coq, un grand coq, et un calamar et une meduse...
- Ah... Alors je comprends. C'est bien trop de monde....

Eu, no lugar da criança, com tanta gente na minha cama, também fugiria para a cama dos meus pais....

20 de julho de 2018

Anos Depois....

... num país diferente, depois de alguns falecimentos, de alguns nascimentos, de muitos caminhos percorridos, de muitas dúvidas, de muitos anseios, de muitas mudanças, de muitas alegrias, de muitas conquistas, percebi que esta estrada que tracei em 2007 (este blogue), continua a fazer sentido na minha vida.
O gaivota perdida foi criado nos idos de 2007, quando "aterrei" em Peniche. Na altura não sabia o que vinha aí pela frente, mas sabia que aquela terra iria mudar a minha visão do mundo e sentia que me iria mudar para sempre. Tudo verdade.
Em 2010, fruto da visibilidade que o meu trabalho à época me proporcionava, fui coagida pelos poderes políticos de então, que dominavam os poderes públicos locais, a encerrar este espaço de reflexão. Burrice!!! Senti-me acorrentada, amordaçada e aceitei, calada. Tal prisioneiros outrora do forte, também eu o fui. Foi sol de pouca dura, pois na altura, na visão desses tais poderes políticos locais, um técnico, não deixa de ser um técnico, e por isso, substituível. Foi o caso...
Depois de ter saído da C.M.P.  reabri o blogue, mas infelizmente, com a  impossibilidade de recuperar 3 anos de publicações, com centenas de leituras e de comentários que provavam a minha evolução, a minha vida e que faziam parte das minhas memórias. Estava perdida para sempre a génese da gaivota perdida.
Ainda assim, reabri este espaço, com um novo look, e com vontade. Mas a vontade não resistiu ao desânimo e às dificuldades que a vida apresentava nos idos de 2012. Em 2013, com a imigração para este país que me acolhe hoje, e de onde escrevo, a minha alma gémea, achou que seria uma boa ideia reabrir este espaço... Essa ideia deu origem a um único post.... e por aí me fiquei....  Uma das grandes lições que já retirei da vida, é que as mudanças têm de partir de nós e nosso interior, senão não serão sólidas no tempo.
Tenho saudades de escrever, tenho saudades de ler e de me ler... caramba! Preciso mesmo disto. Desta vez, a ideia partiu de mim.
Depois de uma experiência de morte, que poderei aqui contar mais tarde, e que me levou a uma consequente série de sessões com uma psicóloga, que um dia me disse que eu deveria produzir algo. Registar. Escrever. Lembrei-me que em tempos o fazia, e que essa escrita fazia parte do meu equilíbrio. Já não pensava neste blogue há tanto tempo. Mas agora, que estou viva, e que me sinto viva, porque não voltar a tentar? (sem acordos ortográficos, sem pressões, sem enviar o link a toda a gente).
Apenas eu e este teclado, eu e esta página branca...