29 de julho de 2018

Palavras de Deus

Em casa de Marta e Maria
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Lucas 10, 38-42


Há pouco tempo, fui remetida para esta leitura da Bíblia. Já a conhecia, já a tinha lido, já a tinha ouvido. No entanto, nunca a tinha escutado. Desta vez, penso que foi diferente, ou pelo menos, vou tentar que seja. Acho que finalmente percebi. Todos os dias ando atarefada, a correr da direita para a esquerda, para trás e para a frente. Tenho horários, tenho responsabilidades, tenho pessoas que dependem de mim, tenho resultados que me são exigidos. E no meio disto tudo, esqueço-me rapidamente de quem nunca se esquece de mim. Esqueço-me de criar tempo para Deus, no meu dia-a-dia. Aquele momento em que posso rezar, ou ler, ou contemplar, deixando espaço e tempo que me permitam chegar até Ele. 
Depois de perceber que sou mortal, que posso morrer (só percebi isso à pouco tempo) e que esta vida não é comandada pela minha vontade e pelos meus desejos, percebi também que não me organizo para ter tempo para mim, para Ele, e assim, para nós...
Estou sempre tão preocupada em ter o jantar preparado a horas, que me esqueço de Lhe agradecer a comida que tenho para pôr na mesa.
Estou sempre tão preocupada a consultar o saldo da conta bancária para ver como está a correr o mês, que me esqueço de Lhe agradecer o ter quanto chegue.
E tenho tantos exemplos.... O meu dia, a minha vida é um exemplo de esquecimento.
E de vez em quando, opss.... lembro-me!!! 
Por isso, hoje peço para que deixe de ser assim. Tento que não seja assim. Penso nesta passagem de Marta e Maria e percebo que sou tantas vezes Marta, mas que gostava tanto mais de ser Maria....
Um dia, falava com um Padre aqui em Bourg-en-Bresse (esse Padre hoje é Bispo), e depois de muito me queixar dos vários problemas da minha vida, ele perguntou-me se eu queria aprender uma oração em francês. Respondi-lhe que sim, e armei-me com a mais profunda concentração que consegui ter para memorizar essas palavras sábias. E então, ele disse-me: "Seigneur, je me tourne vers Toi" - "Senhor, eu volto-me para Ti". Memorizei e perguntei-lhe qual era a continuação. E ele respondeu-me a sorrir, que não havia. Que era apenas isto, e perguntou-me se eu tinha retido a oração. Ri-me dele.... Não percebi o alcance da oração que ele me tinha ensinado.
Hoje, repito-a muitas vezes, e em francês. E depois repetir esta frase, e de me remeter ao silêncio, sinto-me mais perto d'Ele. Sinto que Ele me ouve. E que está presente, porque eu permiti que ele estabelecesse a sua Presença. Porque eu me lembrei e dei espaço e tempo do meu dia para que Ele manifeste o seu amor por mim.

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